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Elsa Morgado - Nefrologista
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Perguntas e respostas sobre rim e doença renal

Porque é que os rins são órgãos tão importantes?

A maior parte das pessoas pensa que a função principal dos rins é remover do organismo produtos tóxicos do metabolismo assim como o excesso de líquidos. De facto estes são removidos pela urina cuja produção envolve diversas etapas de excreção e reabsorção de diferentes moléculas ao nível do rim. Este complexo processo é essencial para a manutenção do equilíbrio químico do organismo.

 

A regulação do balanço salino, ácido e de potássio do organismo é controlado e executado pelo rim. O rim está também envolvido na produção de hormonas, como a eritropoietina que estimula a produção de glóbulos vermelhos (sangue) pela medula óssea. Outras hormonas produzidas pelo rim estão envolvidas no balanço ósseo-mineral (vitamina D) e na regulação da pressão arterial (renina).

 

Os rins são de facto órgãos complexos envolvidos em diversas funções essenciais ao regular funcionamento do organismo:

  • Remoção de produtos tóxicos do metabolismo;

  • Remoção do excesso de líquidos;

  • Remoção de drogas e fármacos e seus metabolitos do organismo;

  • Libertação de hormonas que regulam a pressão arterial;

  • Produção de vitamina D essencial à saúde do osso;

  • Produção de eritropoietina que estimula a produção de glóbulos vermelhos (sangue)

 

Abaixo encontra mais informação sobre os rins e o seu papel fundamental no funcionamento do organismo.

  • Licenciada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em 1997.

 

  • Especialidade de Nefrologia de 2000 a 2004, com estágios no Hospital de Faro, no Hospital de Santa Maria, no Hospital de São José e no Hospital de Curry Cabral em Lisboa.

 

  • Assistente Hospitalar de Nefrologia no Hospital de Faro entre 2005 e 2012.

 

  • Médica Residente e subsequentemente Nefrologista desde 2004 até à actualidade no centro de hemodiálise de Faro (NephroCare-Fresenius Medical Care).

 

  • Experiência de colaboração em diversos hospitais e clínicas privados.

 

  • Experiência como investigadora em vários estudos multicêntricos.

 

  • Autora e co-autora de várias publicações na área da Hipertensão Arterial, Risco Cardiovascular, Diabetes mellitus e Doença Renal Crónica em revistas científicas nacionais e estrangeiras.

 

  • Interesse particular em Hipertensão Arterial, Risco Cardiovascular, Diabetes mellitus, Síndroma Metabólica, Litíase Renal, Doença Renal Crónica e Hemodiálise.​

Onde estão localizados os rins e como funcionam?

Existem 2 rins, cada um com uma dimensão semelhante à de uma mão fechada, localizados na região lombar de cada lado da coluna vertebral, mesmo abaixo da caixa torácica.

 

Cada rim contém cerca de 1 milhão de unidades funcionantes chamadas nefrónios. Cada nefrónio consiste numa unidade filtradora (um “emaranhado” minúsculo de vasos sanguíneos microscópicos chamado glomérulo) conectada a uma unidade colectora (túbulos).

 

Duma forma simplista, quando o sangue passa no glomérulo os produtos tóxicos do metabolismo e excesso de líquido passam para o sistema colector onde diversas moléculas, como sais minerais e água, são adicionados ou removidos a este líquido filtrado, de acordo com as necessidades do organismo, para dar origem à urina que depois é armazenada na bexiga. Todas as outras moléculas essenciais ao funcionamento do organismo como proteínas e glóbulos vermelhos, demasiado grandes para serem filtradas, permanecem no sangue.

Quais são os sinais de alerta de Doença Renal?

A doença renal geralmente atinge os 2 rins comprometendo a capacidade do organismo se livrar de produtos tóxicos do metabolismo e do excesso de líquidos que consequentemente se vão acumular no sangue ou noutros compartimentos do organismo.

 

Apesar de muitas formas de doença renal não produzirem sintomas até fases tardias da doença, existem 6 sinais de alerta:

  1. Elevação da pressão arterial.

  2. Aparecimento de sangue ou excesso de proteínas na urina (proteinúria).

  3. Elevação dos valores da creatinina e da ureia no sangue. A ureia e a creatinina são produtos do metabolismo que se acumulam no sangue quando há deterioração da função renal.

  4. Quando a taxa de filtração glomerular (TFG) é inferior a 60 ml/min. A TGF é uma medida de função renal calculada a partir da creatinina e que leva em conta vários factores como a idade e o sexo do indivíduo.

  5. Maior frequência urinária (polaquiúria) sobretudo à noite (nictúria), dificuldade ou dor ao urinar.

  6. Inchaços (edemas) à volta dos olhos, nas mãos e nos pés sobretudo se forem mais marcados de manhã ao acordar.

O que é a Lesão Renal Aguda? E a Insuficiência Renal Aguda?

Lesão Renal Aguda e Insuficiência Renal Aguda ou ainda Falência Renal Aguda são designações para uma mesma situação clínica em que se verifica uma deterioração da função renal num período de horas ou dias.

 

Essa deterioração da função renal traduz uma perda da capacidade dos rins excretarem os produtos tóxicos do metabolismo. Á medida que os níveis sanguíneos destes se acumulam vai se instalando uma disrupção do equilíbrio químico do organismo.

 

Actualmente, é mais comum em doentes hospitalizados, sobretudo se em estado crítico, por outras doenças. Por exemplo, num doente internado numa unidade de cuidados intensivos com uma infecção generalizada ou num doente internado numa enfermaria com um enfarte agudo do miocárdio extenso. Nestes contextos pode ser fatal e requer tratamento dialítico intensivo.

 

Fora do cenário hospitalar é comum em contexto de desidratação e nesse caso, embora possa requerer internamento hospitalar, é facilmente reversível com a reposição de fluídos no organismo.

O que é a Doença Renal Crónica?

A Doença Renal Crónica está presente quando existe algum tipo de lesão renal ou “marcador”, como excesso de proteínas na urina (proteinúria), ou existe uma diminuição da função renal que se perpetuam por um período igual ou superior a 3 meses. Outras designações pela qual é conhecida são a Falência Renal Crónica e a Insuficiência Renal Crónica.

 

Quando se fala de Doença Renal Crónica Terminal, de Insuficiência Renal Crónica Terminal ou de Falência Renal Terminal significa que a Doença Renal Crónica atingiu um estádio em que o doente necessita de iniciar um Tratamento Substitutivo da Função Renal. A palavra “terminal” não tem qualquer conotação com o fim de vida ou com um contexto de tumor.

 

À medida que a doença vai progredindo os produtos tóxicos do metabolismo vão-se acumulando no organismo e levar ao aparecimento de sintomas. Podem instalar-se complicações como elevação da pressão arterial (causa e consequência de Doença Renal Crónica), anemia, fragilidade óssea, desnutrição e problemas neurológicos.

 

A Doença Renal Crónica também aumenta o risco de desenvolver e agrava a doença cardíaca pré-existente, assim como a aterosclerose, formando-se um ciclo vicioso que importa interromper.

Que tipos de Doença Renal existem?

Existem 2 tipos principais de doença renal:

 

  • A Lesão Renal Aguda ou Insuficiência Renal Aguda ou Falência Renal Aguda

 

  • Doença Renal Crónica ou Insuficiência Renal Crónica ou Falência Renal Crónica

Quais são as causas da Doença Renal Crónica?

Existem diversas causas de Doença Renal Crónica. Para além das doenças próprias do rim como as glomerulonefrites, os rins podem ser afectados por doenças sistémicas como a Diabetes Mellitus, a Hipertensão Arterial, o Lupus Eritematoso Sistémico. Existem também algumas causas hereditárias (familiares) de DoençaRrenal Crónica como por exemplo o Síndroma de Alport e a Doença Poliquística Autossómica Dominante. Outras causas são as congénitas como por exemplo as malformações do tracto génito-urinário de que o refluxo vésico-ureteral é o exemplo mais frequente. As doenças seguintes são causas comuns de lesão renal e progressão para Doença Renal Crónica:

  • A Diabetes mellitus é uma doença em que o organismo não consegue utilizar o açúcar para obter energia, ou por deficiência na produção de insulina ou porque existe resistência dos tecidos à acção desta. Em termos práticos resulta numa elevação dos valores de açúcar no sangue que vai afectar vários órgãos do corpo (cérebro, olho, rim, coração e vascularização em geral sobretudo a nível dos membros inferiores). Á semelhança do que acontece noutros países do mundo Ocidental, em Portugal a principal causa de DRC com necessidade de início de diálise (hemodiálise e diálise peritoneal) é a Diabetes mellitus.

  • A elevação da pressão arterial (também conhecida como hipertensão) é uma outra causa comum de Doença Renal Crónica com necessidade de início de diálise (hemodiálise e diálise peritoneal), ficando apenas atrás da Diabetes mellitus. Para além do rim afecta também o coração e o cérebro sendo uma causa vulgar de enfarte agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral (“trombose”). Quando se controla a pressão arterial diminui-se o risco das complicações acima descritas, nomeadamente da Doença Renal Crónica.

  • As glomerulonefrites são doenças intrínsecas do rim que têm na sua génese uma desregulação auto-imune que se traduz na presença de inflamação a nível do glomérulo renal. Por vezes são autolimitadas e de resolução espontânea, mas outras têm um curso menos benigno e sem tratamento apropriado originam uma perda progressiva de função renal levando à Doença Renal Crónica.

  • Doenças auto-imunes sistémicas como o Lupus Eritematoso sistémico.

  • A Doença Poliquística Autossómica do Adulto é a mais comum doença renal hereditária. Caracteriza-se pela ocupação do tecido renal por numerosos quistos cujo volume vai aumentado ao longo do tempo, levando à perda de tecido renal saudável e assim conduzindo à Doença Renal Crónica. Outras doenças hereditárias que afectam o rim são a Síndroma de Alport e a hiperoxalúria e a cistinúria (estas últimas causas de Litíase Renal também conhecida por cálculos renais, vulgo “pedra” no rim).

  • Os cálculos renais ou Litíase Renal (“pedra” no rim) são muito comuns e quando se deslocam pelo tracto génito-urinário podem causar dor a nível da região lombar e do flanco. Existem muitas causas de cálculos renais desde infecções urinárias, obstruções do tracto génito-urinário, passando por doenças hereditárias que levam a um aumento da absorção de cálcio a partir dos alimentos ingeridos. Frequentemente, alterações a nível da dieta e medicação são suficientes para levarem ao desaparecimento dos cálculos renais, contudo, quando as suas dimensões são maiores, é necessário recorrer a tratamentos mais invasivos como a litotrícia. As complicações dos cálculos renais levam á perda progressiva da função renal.

  • A obstrução do tracto génito-urinário por uma próstata aumentada (hipertrofia/hiperplasia benigna da próstata) é uma importante causa de Doença Renal Crónica nos homens com mais de 65 anos.

  • As infecções urinárias sucedem quando há um supercrescimento de bactérias ou fungos causando sintomas como dor, ardor ao urinar, maior frequência e urgência em urinar e peso no baixo-ventre. Por vezes pode mesmo aparecer sangue (hematúria) ou coágulos na urina. Mais frequentemente envolvem a penas a bexiga (Infecção Urinária Baixa) mas podem estender-se ao rim cursando com febre e dor lombar (Pielonefrite Aguda). O não tratamento adequado das infecções urinárias pode levar a lesão crónica a nível do rim com deterioração progressiva da função renal.

  • As doenças congénitas podem também afectar o rim. Normalmente envolvem um problema no desenvolvimento do rim e vias urinárias do bebé ainda antes de nascer. Um dos mais comuns é o refluxo vésico-uretral em que existe disfunção das válvulas que impedem a passagem retrógrada (refluxo) de urina da bexiga para os ureteres e para o rim. Está comummente associado a infecções urinárias na infância e se não for identificado e corrigido leva a Doença Renal Crónica. Outros exemplos de doenças congénitas são o rim em ferradura, a duplicação do uretero ou a ausência de um dos rins (agenésia renal).

  • Alguns medicamentos/fármacos são particularmente nocivos para o rim. É o caso dos populares anti-inflamatórios não esteróides (AINE’s) como a indometacina, o diclofenac, o meloxicam, o ibuprofeno, o naproxeno, o nimesulide e o mais recente celecoxibe. Quando usados de forma crónica e sobretudo em regime de automedicação são uma importante causa de lesão renal (Nefropatia dos Analgésicos) conduzindo inexoravelmente à Doença Renal Crónica. Outros que mais recentemente têm vindo a causar lesão renal são alguns anti-retrovirais utilizados no tratamento da SIDA como é o caso do tenofovir. Estes doentes devem ser também acompanhados por Nefrologia para monitorização da função renal e eventual ajustes das doses dos anti-retrovirais à função renal.

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